domingo, 18 de maio de 2014

Meu tempo é quando?


Eu não me reconheço mais em canto algum. 
Nenhum canto, por mais bonito que soe 
em meus ouvidos não é o canto 
em que eu ouvia os passarinhos 
cantando no quintal. 

O que falta em todos os lugares? Eu

Eu não queria ter ficado.
Também não queria ter vindo.
Aqui não quero ficar.
Pra Itu, eu não quero voltar.

Itu é praça, beco, jardim
menino brincando, sorriso sem fim
São Paulo é indústria, fábrica
lágrima
criada
em tempo
de máquina

No gira-mundo-capital
vai-volta-fixa-retorna
Sou peça. E ninguém é punido
quando não tomam cuidado comigo

domingo, 11 de maio de 2014

Amor de Graça

"A tua presença
entra pelos sete buracos da minha cabeça!" 
(Caetano Veloso)

eu não choro por ninguém
meu sorriso distribuo:
há vaga para os poemas!

dou graça
aos amores sem tributo
sem cobranças, com juras

uma nota promissora
me promete que dura
só até acabar

e tá tudo bem
escrevo e assino:
eu não choro por ninguém!


sábado, 10 de maio de 2014

"O futuro volta a ser respirável"

eu não sei
o que me dá
o que é que tem
aqui em mim
e me deixa assim

cade o fim,
mãe,
traz pra mim?

tem o menino
do cabelo fino
do nariz fino
do sorrir daqui
do sorrir dali
doce só riso
de você
só isso

ainda assim
afundo, sim
ainda assim
queria o fim

figurante
da própria estória
assim caminho
pés alheios

assim me sinto
não me guio
do arreio
peço arrego

Oya... Aí
faço uma prece
peço uma prosa
contigo.

no destino,
nordestino
ah, muleque
escorro
entre seus dedos
sem pedir
socorro

de vocês
não quero sossego

de mim
não quero eu!